Amigos

Amigos

Honramos sem idade.
Aguçamos a curiosidade.
Desafiamos a cividade
por sorrirmos à vontade.

D’alma feita salão d’anfitrião,
a porta que abrimos é na face,
única fronteira sem disfarce,
d’espada armad’em coração.

Somos nas bocas e dos olhos.
Somos, do vestido, os folhos.

A nossa família não tem nome.
Somos a sede de matar fome.

Descansamos à sombra de acreditar
no pensamento como forma de medir,
na palavra que nos damos par’amparar
a agenda desbotada do futuro de agir.

Acordamos em manhãs indulgentes.
Concertamos tardes e noites, também.
Sol e Lua convocam-nos coniventes
com a ordem de um tempo de além.

Triunfos sobre o cepticismo rotineiro
são a heróica disputa no salão caseiro
onde baila a certeza como um vilão
vencido pelas ondas de gravitação.

Quais lacónicos nós nas cordas do ringue,
dados sem esquadria ou ponta que finde,
delimitamos universo, quadrado, berlinde…
Sejamos o marinheiro que os distingue.

Alguém corta o nó górdio e inaugura a festa,
embarcamos todos sem saber se é desta.

Irão, 2018

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